domingo, 24 de julho de 2011

Adaptação X Espelho




Por Isis Correia


Adaptação. É assim que nomeio o período após o nascimento de Elis. Agora um novo mundo surge, após 25 anos de vida e tudo, mas tudo é novo, mesmo. Mudanças? Ah mudanças, são muitas, mas quem disse que não gosto delas?! Com exceção, das mudanças no meu corpo – é aquelas que mostram que você não é mais aquela grávida bonita, com barrigão exuberante, e sim, uma mulher com uns quilinhos a mais, meio “descatembada” aqui, com uma gordurinha ali, sem roupas para vestir – gosto de todas as outras. Ah!!! Uma dica para as meninas, quando forem comprar seus vestidos para usar na gestação, comprem alguns que tenham botoezinhos na parte dos seios, afinal, após ter o bebê, você pode continuar usando eles e a amamentação requer algumas estratégias. Em relação a mim, estou na fase de querer quebrar os espelhos de casa, para quando voltar ao normal (tenho fé de que isso acontecerá, até porque há duas semanas eu estava pior) mandar colocar todos novamente e finalmente conseguir me admirar diante deles. É adaptação em tudo. Tenho costumado dizer que seu seio acaba virando, literalmente, um “órgão público”, afinal, na hora que Elis quer mamar quem tiver comigo vai ter que vivenciar este momento, porque não vou deixar minha filha com fome. Você quer mais privacidade, mas nem sempre tem como controlar isso. Por isso, tenha calma, nos primeiros dias isso vai lhe incomodar mais, depois nem tanto... De contrapartida, também estou na fase do sentir-me como mãe. Sabe aquela canseira gratificante?! É ela quem faz parte de minha vida agora. Dormir uma noite inteira não é mais possível. Um simples gemidinho é motivo para interromper meu sono e testar meu nível de concentração e atenção. Quem disse que me arrependi?! De jeito nenhum, afinal, que mãe seria eu se não tivesse histórias para contar sobre as trocas de fraldas e as mamadas noturnas? Mas, meninas, agora tudo está mais calmo. A adaptação é grande. Os primeiros dias são terríveis porque um conjunto de coisas novas acontece e um conjunto de pessoas está a sua volta tentando lhe ajudar, porém cada uma tem uma opinião, uma forma de ver as coisas, uma criação diferente. Você fica nervosa, nos primeiros dias. Seu seio ainda está se preparando para amamentar, o bebê tem dificuldade de pegar o peito, afinal, passou 9 meses com atendimento “VIP”, sem nem fazer força para comer. O organismo do pequenino ainda está amadurecendo e as cólicas, gases... - ah cólicas e gases!!! Estas são atrevidas! Nunca são chamadas, mas sempre marcam presença! - E irão aparecer várias pessoas com regras, mitos e dogmas, que passam de geração em geração. E ai de você se não aceitá-las! Além disso, há quem diga que a culpa das cólicas “é da mãe” que come de tudo! E você se sente, além de tudo cobrada, culpada... e se não tiver cuidado inconseqüente e entra em depressão por não saber lidar com tudo de uma vez só! Mas, esperem! De tanto ouvir isso, fui em busca de pesquisas que comprovem algo do tipo e não encontrei nada que comprovasse que as cólicas são geradas por algum alimento ingerido pela mãe. Pelo contrário todos os artigos fazem questão de destacar que não há comprovação científica nesta relação. Bem... eu apenas tento observar e se um dia identificar esta relação, aviso a vocês!!! (Por via das dúvidas...) Me disseram que eu iria perder noites de sono e nestes 20 dias, Elis só trocou a noite pelo dia uma vez. Mais uma vez, comprovo, que cada situação é diferente, que cada pessoa é diferente, que cada realidade, cada forma de viver é diferente. E até a forma de ver as noites sem dormir pode ser diferente. Para uns, um peso... para outros, como eu, uma experiência nova, um aprendizado, um momento de dedicação exclusiva... afinal, para que dormir, se o seu maior sonho já está ali! (brincadeirinha). Não vou dizer que é fácil este momento porque não é... tudo é na base do achismo... se ela chora, você pode achar que é fome, que é fralda suja, que quer um banho, que não está dormindo o suficiente, que as costas estão doendo de tanto ficar deitadinha, e você acha, acha e acha. Na primeira semana já consegue decifrar algumas coisas e assim será daqui para frente. O pai é essencial neste processo, ele precisa ser seu aliado. O companheirismo entre vocês vai aumentar... e você pode se surpreender com ele... eu me surpreendi!!! Mas, sobre o pai vou deixar para falar no próximo texto... Bem... meninas é isso!!! Vou continuar me adaptando até quando for necessário!!! Mas, não vejo a hora mesmo, de querer usar o espelho!!!

domingo, 17 de julho de 2011

A experiência de um pai na maternidade



Por Fabrício Carvalho



Para começar, assim como nos outros momentos, eu me permito experienciar no imaginário tudo o que aconteceu e trazendo à tona as emoções, não dá outra... quando lembro o nascimento de Elis, lágrimas surgem. Uma simples terça-feira, estávamos nós comprando o kit berço na maior tranqüilidade e discutindo sobre algumas coisas diferentes que estavam acontecendo... coisas do tipo uma “secreçaozinha, parecendo uma gelatina”. Isso no meio de uma empada e outros salgados. Resolvemos ligar para a médica e lá chegando, após exatos 10 minutos, ela nos informa que Elis chegaria naquela noite. Parado, estático, eu pergunto: “Mas, como assim? É hoje?”. E a médica, como para que me chamar para a realidade, diz: “É sim, é para já. Corra para pegar as coisas...” Então, toda a espera, toda a emoção de nove meses e expectativa, se resumia naquela ocasião... em poucas horas. Eu, simplesmente, chorava... e era um choro suave... as lágrimas escorriam no meu rosto e eu só pensava: “meu pequenino amor chega hoje... é hoje!” Chegando na maternidade, toda burocracia finalizada. A Isis entra numa sala e eu entro por outra, sem que ninguém me explique nada. A sorte foi uma pessoa, não sei se médico ou enfermeiro, que me explica: “Tu veste esta roupa, põe esta touca e vai por este corredor”. Bendito corredor! Tive que ficar esperando nele, até que a médica autorizasse minha entrada. Quase faço um buraco no chão. Ah, a minha entrada! Eu antes da Elis apagava ao ver sangue, ao entrar em centro cirúrgico... e então minha digníssima esposa, mesmo sabendo disso, diz: “Eu preciso de você comigo!”. É camarada, eu tive que trabalhar em mim este processo por 37 semanas. E eis que chega a minha entrada. Nada de fotografar a cirurgia! Eu estava lá, para mesmo que nervoso, oferecer segurança a Isis. A minha missão era mais importante que um simples acompanhamento. Eu tinha recebido da minha esposa, a responsabilidade de acompanhar, a qualquer custo, Elis ao nascer. E mesmo sem ser declarado eu sabia que deveria voltar à sala com Elis nos braços. Após a chegada dela, às 20h27, recebida com uma prece grandiosa da médica, prece esta que aumentou ainda mais a emoção - uma das emoções mais lindas experenciadas por mim, algo que envolve uma energia tão sublime, tão maravilhosa, que chorar é a única forma de expressar – Elis foi levada para os procedimentos médicos. E eu lá no “pé”. A pediatra me informa que ela nasceu um pouco cansada e que se não melhorasse iria para a UTI. Eu sabia que jamais poderia voltar à sala sem Elis e isso me preocupou. Comecei a falar com ela: “Meu amor, você tem que sair com o papai. Sua mamãe está esperando. Quer conhecer você. Colocar você nos braços. Melhore, meu amor, o papai está aqui.” Isso eu conversando com ela e um entra e sai de enfermeiros. Daí que um cara que filmava outros partos me apóia – “isso! Vai conversa com ela que ela sai com você! Vai conversa!”. Não deu outra. Ela saiu comigo. A mãe já estava ansiosíssima para segurar ela. O novo encontro das duas me emocionou novamente. Bem... aqui está um terço do que eu posso transmitir em palavras um dos sentimentos mais incríveis.

domingo, 10 de julho de 2011

A chegada repentina de Elis





Por Isis Correia



Às 15h30 da tarde de 05 de julho de 2011, uma ligação mudou o destino de minha vida. Ligo para minha obstetra para falar sobre o resultado de um exame, no qual tudo estava bem com Elis, e aproveito para tirar umas dúvidas sobre algumas sensações que estava percebendo nos dois dias anteriores. Pela competência e compromisso do anjo que apareceu na minha vida, na figura de alguém que escolheu por amor estar disponível 24horas do dia para trazer ao mundo novas vidas e transformar a rotina de tantos casais, atendi ao chamado da obstetra e fui ao seu consultório. Ao fazer o toque me revelou que eu já estava em trabalho de parto e que minha filha não passava daquela noite para nascer. O mais engraçado é que a medida que ela me fazia várias perguntas sobre o tempo que estava sentindo contrações, certos incômodos, cheguei a conclusão que minha falta de experiência enquanto mãe poderia colocar em risco a vida de minha bebê, afinal o que eu achava que era contração não era. Ela constatou que meu colo do útero estava se abrindo e passou 10 minutos com a mão sobre minha barriga para perceber o ritmo das contrações. Eu, na minha santa ignorância, perguntei a ela como ela sabia só em colocar a mão na minha barriga e senti “a dureza” do meu abdômen. Ela disse que aquilo era o meu útero contraído e que naqueles 10 minutos as contrações já estavam intensas, só que meu limiar de dor era muito alto. Após a explicação, com a cara mais lisa do mundo, ri e disse a ela: “Ah doutora, contração é isso, é?! Ah então eu to com isso desde sábado ou domingo...” Eu jurava que contração eram cólicas fortes, fisgadas finas que davam até “lá”... Eu e o pai dela achávamos que era a Elis em uma posição na parte superior e pior, falávamos com a contração como se estivéssemos sentindo o bumbum ou as perninhas dela. Ou seja, eu teria a minha filha num susto, achando que estava tudo bem e que era tudo normal. E ainda como se não bastasse, eu ele estávamos fazendo as contas erradas e ao invés de 38 semanas e meia, nossa Elis estava com 37 semanas. Por isso, marinheiras de primeira viagem, qualquer alteração, não achem, perguntem e confirmem porque uma dúvida pode fazer diferença na realização do maior sonho de nossas vidas que é ser mãe. Às 17h, quando acabou a consulta, a orientação da médica foi: “Vá para casa pegar suas coisas, enquanto eu organizo a equipe médica e ligo para dizer onde será o parto hoje à noite”. O pai ficou vermelho, encheu os olhos de lágrimas, foi chorando do consultório até em casa, em casa chorou mais um bocado e no hospital, então, nem se fala... Eu estava anestesiada, não tive tempo de permitir ansiedade... Foi tudo muito rápido. Eu só pensava nas minhas unhas que eu ia fazer de manhã e resolvi não ir naquela terça. E os biscoitinhos da Vovó Ina que ia encomendar para levar para a maternidade, naquela mesma tarde de terça... nada, agora não havia mais tempo! Tanta programação e mais uma vez, a prova de que não somos nós quem estamos no controle das coisas... Às 18h30, já estávamos a caminho da Santa Casa e às 19h40, eu já estava entrando na sala de cirurgia e deixando para trás a velha Isis... Alí, naquela sala, minha vida já começava a ser outra. A ficha não caiu... até o momento em que a médica, com muita sabedoria, deu as boas-vindas à minha pequena Elis com as seguintes palavras: “Seja bem-vinda Elis! Que Deus te abençoe, que você seja uma menina cheia de saúde, boa, inteligente e não dê muito trabalho aos papais... Amém, minha gente” Aquelas palavras e o choro, seguido, de minha princesinha me colocaram em transição entre a realidade e o imaginário! Assim, às 20h27, minha PEQUENA FLOR DE LIS já estava entre nós. O sentimento é indefinível... um amor que de tão intenso e puro se assemelha com tristeza... mas, não é tristeza, nem amor, até onde conhecemos... é talvez a catarse estética mais intensa da vida de uma mulher!!! Da minha foi! Ah! Vale a pena destacar que um amigo muito ousado sugeriu que enquanto eu esperava para ter a Elis, escrevesse um texto para o blog, nada mais justo para os seguidores... pena que foi tudo rápido e estava sem notebook, caneta e papel... Mas, tardiamente, está aqui o relato do dia mais importante de mina vida! OBS: Acabo este texto digitando com uma mão só porque minha ELIS acordou para mamar e enquanto espero ela arrotar, finalizo o texto com ela em meu colo.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

A última semana



Por Isis Correia


Duas colheres de ansiedade, quatro xícaras bem cheias de emoção, algumas lágrimas para dar mais leveza à mistura, uma pitada de medo e doses intensas de carência. É assim que se faz a última semana antes do seu bebê chegar. Entre sorrisos, lágrimas, empolgação, emoções à flor da pele, alternando com algumas cólicas e outros incômodos físicos, a última semana não é das mais fáceis. Tudo tem um tom de despedida... afinal, você não estará mais grávida na semana que vem e todas as atenções que eram dadas à você, esqueça! Seu bebê agora já rouba a cena. Tudo nesta semana é mais intenso, você está mais sensível. Qualquer despedida, comentário sobre o parto, pensamento sobre minha pequena Elis me faz chorar... com um tom de nostalgia daquilo que ainda não se viveu. Agora está na hora de finalizar as lembrancinhas da maternidade, providenciar os últimos retoques no quarto, deixar tudo limpinho e ainda, lembrar de arrumar a roupa do marido para ir á maternidade também. Afinal, descobri ontem que ele também tem que ter a bolsa dele. Ainda tem essa! Mas, tudo é feito numa expectativa tão grande que se torna a última maratona destes últimos nove meses. A alteração de humor é muito grande e isso é a parte que menos gosto neste processo. Todos já começam a rezar e torcer por você. Agora você já tem uma resposta quanto ao nascimento. O sono do papai já não é tão pesado. Eu já estava pensando em dormir com um copo d’água para acordá-lo quando fosse necessário, mas agora, basta uma remexidinha no colchão e ele acorda assustado – “O que foi amor? Está sentindo alguma coisa?”. Nos perguntamos como um grão de areia, se transforma em um bebê, em um pingo de gente, que já começa a mudar nossas vidas desde o primeiro momento, mesmo sem o poder da fala, sem o poder das relações humanas ainda bem definidos. É amar da forma mais pura. É doar-se da forma mais intensa. É colocar o outro em primeiro lugar. Na quinta, estarei indo à médica para definir horário, hospital e os últimos detalhes. Ah! e agora, com 12 quilos a mais, já começo a me sentir bem inchadona e com a cara de bolacha Maria como diz Regina, uma amiga, que também está nessa fase. Mas, depois que Elis nascer, mamar muito, é a hora de cuidar de mim, afinal quero que ela me ache a mamãe mais linda do mundo!!! Última semana... ela sairá de dentro de mim... ai que vontade de vê-la e ao mesmo tempo de deixá-la aqui!!! Vou sentir falta de seus empurrõezinhos e até das alfinetadas!!! Bem... o próximo texto já pode ser sobre o rostinho dela ou a emoção do parto! Talvez o pai escreva primeiro do que eu!!!